Estrada de Ferro Bahia e Minas
Considerada a mais extensa ferrovia isolada do Brasil, o traçado original da Bahiminas se estendia por 581,84 quilômetros, sendo a linha tronco com 577,80 km, entre as estações terminais do distrito de Ponta de Areia, em Caravelas/BA, até Araçuaí/MG, no Médio Jequitinhonha, ponto final da ferrovia. A EFBM possuía também um pequeno ramal entre a área urbana de Caravelas e a Estação Central de Ponta de Areia, com extensão de apenas 4,04 km entregue ao tráfego em 1920. A via foi criada a partir de um decreto do governo imperial em 1880 e já no ano seguinte tem assentados os primeiros trilhos. As potencialidades naturais do Vale do Mucuri, especialmente a vasta disponibilidade de espécies arbóreas com potencial madeireiro, conjugada à necessidade de construção de um modal de transporte mais eficiente para o escoamento da produção cafeeira dos grandes proprietários rurais, foram os principais elementos que justificaram a sua construção. A ferrovia foi uma das primeiras a ser construída em Minas Gerais, tinha bitola métrica e via simples, como a maioria das estradas de ferro do Brasil àquela época. Entre Ponta de Areia e Araçuaí existiam 39 estações, pontos de parada e outros diversos atributos materiais, móveis e imóveis, constituídos por locomotivas, vagões, pontilhões, túneis, caixas d’água, oficinas e demais edificações que tiveram importante função logística para a ferrovia.
O tumultuado cenário administrativo vivenciado pela Bahia e Minas conjugado à sua abrupta extinção em 1966, nos primeiros anos da Ditadura Civil-Militar, contribuiu para a diluição ou até mesmo para a perda de importantes registros ferroviários, ou seja, poucos documentos que retratam o seu passado permaneceram nos centros de memória da região atendida pela ferrovia. Devido a este cenário, há certa dificuldade para pesquisadores interessados na temática acessarem os registros documentais dado ao escasseamento dos locais de pesquisa. Diante disso, visando a disponibilização de fontes documentais, elaboramos um repositório no MUVIM com a organização sistemática de cada fonte que tem a Bahia e Minas como possibilidade de análise, a saber: Anuários Estatísticos; Relatórios do Ministério de Viação e Obras Públicas; Relatórios Provinciais dos estados de Minas Gerais e Bahia; Leis e Decretos sobre a EFBM; publicações especializadas em revistas e jornais da época; além de registros audiovisuais que remetem à ferrovia.
Foram gentilmente cedidos ainda, registros iconográficos, fotográficos e filatélicos obtidos em acervos particulares de ferroviários da Bahia e Minas que ilustram importantes momentos históricos para os municípios por onde os trilhos estiveram instalados. Nestes registros, será possível acessar periódicos do Vale do Mucuri, relatórios técnicos e exemplares de revistas especializadas no transporte ferroviário com temáticas que auxiliam a compreensão do fenômeno EFBM, tais como: a letargia na construção da ferrovia em sua porção mineira; os eventos que marcaram a inauguração das estações; o caótico cenário financeiro-administrativo da ferrovia; o quadro logístico do Mucuri, quase que exclusivamente dependente da EFBM; e, por último, mas em menor registro, o processo de desmantelamento da ferrovia. Ademais, considerando que a Bahia e Minas foi cantada em verso e prosa, organizamos ainda uma trilha sonora com canções de artistas de renome nacional e regional que tiveram a ferrovia como fonte de inspiração.
Embarque nesta jornada e boa viagem!
Equipe MUVIM.