Museu Virtual do Vale do Mucuri

PRAÇA ARGOLO E ENTORNO

BEM VINDOS

Nessa exposição contamos com 19 pares de fotografias, sendo elas desenvolvidas em fotografias do passado e fotografias atuais das partes da cidade que foram selecionadas. 

São as regiões, da Praça Argolo, Rua das Flores e  Rio Todos os Santos.

Abaixo, região indicada.

Essa imagem, do princípio do século  XX possibilita um olhar nostálgico para a edificação de Filadélfia, uma cidade em construção no Vale do Mucuri, distante dos grandes centros. Mas, o que impõe a história para a concretização de uma cidade é visível aqui: uma igreja, um fórum e um espaço onde surgiria um passeio público e também uma cadeia. A Catedral emerge num lugar imponente, ao alto e com sua construção bastante adiantada, mas ainda faltando a torre. A BahiaMinas forneceu trilhos para a edificação da catedral favorecendo uma construção que além de imponente, com uma estrutura sólida.  

À esquerda, o antigo mercado, conhecido como rancho do Zé Cirino. Foi erguido a partir de meados
do século XIX, concomitantemente à formação da cidade, era um galpão de arcadas rústica
semelhante ao rancho dos tropeiros de Diamantina. Era sempre cheio aos sábados, com a presença
de feirantes vindos na zona rural. A imagem, com uma quantidade significativa de animais cargueiros
no centro da cidade, comprova a relação cidade-campo estabelecida neste tempo. O rancho foi alvo
de muitas críticas por parte da elite local desde o final do século XIX. Por ser frequentado por grupos
de pouca posse, como retirantes, pequenos agricultores, mendigos, a imprensa usou do discurso
sanitarista muito comum à época, a chamada “higienização social”, o que justifica a construção do
mercado nos anos de 1920. Muito próximo ao rancho está atual prédio da Câmara Municipal.

A imagem dos anos 10 do século XX referese à Praça Argolo situada entre o Rio Todos os Santos e a atual Praça Tiradentes, fora um importante local de concentração pública para comemorações e confraternizações tanto na esfera dos discursos de políticos que se faziam presentes na região como de comemorações escolares. Vêse ainda uma cidade bastante provinciana, sem sofisticação, com uma modesta urbanização. Observase ainda nesta imagem um terreno baldio no centro da cidade com animais equinos amarrados e uma pequena parcela de transeuntes circulando.  Ao fundo é perceptível um morro ainda pouco habitado e constituído de uma vegetação natural. Na lateral encontrase a residência de Adolfo Sá, grande produtor de café da região, que posteriormente foi de Pedro Abrantes.

Praça Argolo nos 10 do século XX. O início do século foi um período de desenvolvimento econômico e urbano no Vale do Mucuri, com extração de madeira de lei e com as grandes colheitas de café e cereais. Destacase na imagem uma residência tipo sobrado, avarandada, construída por Adolfo Sá, prefeito de Teófilo Otoni no período de 1924 a 1928, posteriormente morada de Pedro Martins Abrantes. O casarão em destaque confirma a imponência proporcionada pelo café. Ao lado do casarão uma pensão que era muito utilizada por estudantes. Como a urbanização ainda era modesta nesse tempo, ao fundo, esta imagem, vêse o morro ainda desabitado.

Vista da Praça Argolo na primeira metade dos anos 30 do século XX, destacando, à esquerda, em primeiro plano o Banco de Minas Gerais e logo em seguida, parte do prédio da atual Câmara Municipal, à direita a Casa Prates e também um conjunto de lojas e pensões no entorno desse espaço. Ao fundo encontrase um circo, que antes da chegada do cinema, era a principal atração artística nas cidades brasileiras.

Primeira metade dos anos 20, séc. XX . Visão parcial da Praça Argolo, despontando a casa Martiniano, construída em 1914. Além de instituição financeira era casa comercial, funcionava como um empório, encontrando desde alimentos a utensílios de uso agropecuário.  Ao fundo podese avistar o morro em que futuramente viria a ser construído o orfanato.  

A imagem mostra um comício político na Praça Argolo, na metade dos anos 30. O evento acontece em frente à Casa Martiniano. No entorno dessa Praça se localizavam edificações de propriedade das principais personalidades públicas, especialmente aquelas relacionadas à produção e comercialização do café, o que fazia do local o centro de acontecimentos de Teófilo Otoni até os anos de 1930.  Ao fundo, vêse a Casa Paiva, seguida por um casario. A Casa Santa Terezinha está à direita e, à esquerda, ao fundo, parte do Mercado Municipal ainda em sua forma original.

A foto é do cortejo da morte de Turíbio Alves, ocorrida em 14 de dezembro de 1932, destacando mais uma vez a praça Argolo como espaço central de diversos eventos em Teófilo Otoni até os anos de 1930.  

Solenidade na Praça Argolo, centro de eventos até os anos de 1930. Observase uma manifestação política com a presença de Lourenço Porto em palanque e no público a participação de jovens estudantes uniformizados.

Na fotografia dos anos 30 se observa os festejos carnavalescos tradicionalmente realizados em Teófilo Otoni. Também reforça a Praça Argolo como espaço principal de eventos públicos das primeiras décadas do século XX. Destacase à direita da fotografia  o atual prédio da Câmara Municipal.  Logo adiante o Passeio Público, e, à esquerda a Praça Tiradentes com seu formato já modernizado.

Imagem significativa para perceber a cidade de Teófilo Otoni como um centro em desenvolvimento e
com um número expressivo de pessoas circulando nas ruas. Antiga rua João Pessoa, atual
Epaminondas Otoni, onde sempre concentrou de forma expressiva o comércio libanês e sírio.
Destaque para o prédio do Hotel Brasil América. Esse prédio, no térreo, sediou a casa Monte Líbano,
a prefeitura municipal e Caixa Econômica Federal nos anos 70. Outro destaque é para a Casa
Aureira que entre a diversidade de produtos, tinha como eixo central a venda de materiais de
construção.  À frente foi o armazém Gomes e, ao seu lado, a casa Paiva. 

Imagem da Praça Argolo entre os anos de 1920 e 1930. Nesse tempo, a atual rua a Epaminondas Otoni ainda não era aberta para o acesso ao Rio Todos os Santos. Avistase o mercado e uma quantidade significativa de animais em suas proximidades, o que reporta ao entendimento de que nesse período os animais compreendiam um transporte costumeiro e era natural o seu trânsito em vias públicas da cidade. Identificase a casa Paiva, que funcionava como um empório, comercializando uma diversidade de produtos. Também no entorno, a casa Aureira, que vendia materiais de construção e instrumentos para o campo. No canto, à direita, o sobrado da casa Martiniano que além de funcionar como uma instituição, financeira comercializava diversos produtos, entre eles o café.

Em 1925 foi construído o Mercado Municipal na gestão do prefeito Adolfo Sá. Edificação com grande quantidade de portas com almofadas e arqueada na parte superior. Localizado na antiga Praça Argolo, hoje Avenida Getúlio Vargas com a Rua Teodorico Tourinho. Ao lado têmse a casa Reis. Notase a presença de vendedores ambulantes ao lado do mercado, tradição na cidade até os  dias atuais.   

A Casa Prates, atualmente localizada na esquina da Avenida Getúlio Vargas com a rua Teodorico Tourinho, é um típico sobrado que caracteriza o perfil dos estabelecimentos comerciais do período. Localizada na Praça Argolo, não tinha definido as especificidades das mercadorias, comercializando de tudo, desde o tecido até materiais de construção. Na parte superior funcionava a sede do Automóvel Clube, podendo perceber que a fotografia registra um dia festivo de carnaval, com intensa movimentação dos transeuntes.

A partir dos anos de 1930 a Praça Argolo foi loteada pelo Executivo Municipal. Na imagem, o prédio da União Operária em construção.

Rua Das Flores

A fotografia data dos anos de 1930 e registra em destaque os trilhos do bonde na Rua Doutor Manoel Esteves, ainda hoje conhecida como Rua das Flores, romantizada com esse nome pela referência à beleza de moradoras do local. A movimentada via ficava paralela à linha férrea, onde se misturavam imponentes sobrados residenciais da população de maior posse coexistindo com hospedagens, caso das pensões Glória e Carmen, e o Hotel Rex.

“Não se conhece as razões, mas a verdade é que a rua das Flores foi, igualmente, escolhida para receber a primeira ponte de cimento armado de todo o Nordeste Mineiro” Jornal Carta, 21 de Dezembro de 1984.

Rio Todos Os Santos

O povoado de Filadélfia surgiu tendo como referência o Rio Todos os Santos,
principal afluente do Rio Mucuri. Apesar de nunca ter oferecido condições para
navegação de grandes embarcações, foi, até a metade do século XX, muito
aproveitado para o transporte em canoas. Constantes inundações do rio central
fizeram com que algumas gestões utilizassem como alternativa a alteração do leito
do rio, tornando seu percurso retilíneo na região urbana.

As fotografias realizadas até a metade dos anos de 1950 eram um registro utilizado por poucos.
Apenas quem tinha posses usava esse recurso, impedindo a leitura de outros ambientes,
especialmente aqueles que apresentavam a face empobrecida de Teófilo Otoni. Das imagens
disponíveis, esta, da metade do século XX, retrata moradias da região centro norte às margens do
Rio Todos os Santos.