Um dos grandes problemas culturais do Vale do Mucuri, região do nordeste de Minas Gerais, é a ausência de espaços museológicos. É fundamental para o resgate da cidadania e elevação da autoestima de um povo a valorização e preservação de sua cultura. Nesse aspecto, memória, pertencimento e identidade cultural estão interligados.

Identidade só se constrói a partir de uma relação dialógica, pela necessidade de se fazer reconhecer, tanto interna como externamente. Na busca de uma identidade regional, é importante entender que os critérios diferenciados são objetos de representações e/ou atos que têm como estratégias retratar para os outros o que pensar dos possuidores dessa identidade. A identidade cultural está ligada ao sentimento de pertencimento, local de origem e vínculo com grupos, relacionado a culturas étnicas, linguísticas, religiosas, regionais, nacionais, dentre outras. Em uma identidade deve haver três elementos fundamentais: a existência de uma fronteira de pertencimento ao grupo, uma continuidade temporal de valores e um sentimento de vários elementos que se unificam. É um fenômeno que faz referência ao outro e, concomitantemente, uma imagem de si. Enfim, é um ato que compartilha tanto uma visão, como uma divisão em comum, construindo ao mesmo tempo identidade e unidade, impondo percepções. Resgatar as origens dos que construíram o Vale do Mucuri é uma forma não apenas de preservar sua identidade cultural, mas também encontrar nesse processo mecanismos para o desenvolvimento da região.  

Desse modo, entendemos que os museus físicos são espaços fundamentais. A existência do Museu Virtual Vale do Mucuri (MUVIM) tem o duplo papel de cobrir temporariamente essa lacuna, bem como pressionar a comunidade e o poder público para construção imediata de um museu regional. Atividades expositivas virtuais estão sendo amplamente adotadas nas mais diferentes circunstâncias. No caso específico do Vale do Mucuri, a exposição virtual vai atingir um amplo público e contribuir tanto para atividades do ensino básico e universitário, como para informações daqueles que estão fora dos bancos escolares e acadêmicos. 

O MUVIM se propõe, nesse primeiro momento,  realizar três exposições permanentes e uma biblioteca com dissertações, teses, artigos e livros sobre o Vale do Mucuri. A primeira exposição é de fotografias, retiradas do acervo de Fany Moreira, pesquisadora e fotógrafa, que conta com vasto acervo regional. Inicialmente, as imagens se concentram  no centro de Teófilo Otoni. Posteriormente, serão ampliadas para outras localidades da cidade e dos municípios do Mucuri. Houve uma preocupação de resguardar os direitos autorais, justificando assim a exposição de imagens antigas datadas até os anos de 1950. As fotografias atuais têm o crédito de Valmer Batista. A segunda exposição relaciona-se com a cartografia do Vale do Mucuri. São mapas da região, do século XIX, organizados pelo professor Leônidas Conceição Barroso e a professora Mariana da Silva Ferreira. A terceira exposição contempla as obras de Albert Schirmer, artista nascido em Potsdam, cidade do leste da Alemanha e veio para o Brasil em 1856, onde morou em diversas regiões de Minas Gerais, fixando-se definitivamente em Teófilo Otoni em 1880. Viveu nessa cidade até seu falecimento, em 1924.